quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Era só uma menina...

Já não era mais uma menina. As coisas que a encantavam, eram totalmente diferentes das de pouco tempo atrás. Era uma mulher interessante, atraente, de beleza exótica. Uma pessoa divertida más com poucas amizades verdadeiras. A boneca não era mais seu brinquedo preferido. Mãe solteira, virou mulher muito cedo, mas não ajudou a mudar muita coisa. Juízo? Sabia o significado, mas não dava muito valor a palavra tão pequena. Acreditava que era só prazeres a vida, e para isso se entregou de corpo e alma. Trabalhava, mas não sabia ao certo o que queria fazer realmente de sua vida. Mesmo depois de passar por dificuldades em casa com sua barriga e a família que demorou a aceitar toda a situação, não conseguia passar na sua cabeça que a vida poderia ser diferente. Nunca se apaixonou de verdade na vida, achava uma doce ilusão, na vida querer ser dono de alguém. Depois da primeira transa, foram diversas camas e relações diferentes. Era o sexo que a fazia feliz. Mesmo que casual, por uma única noite, sabendo que nunca mais veria aquele rosto que pouco importava quem era. Importava somente se valeu a pena ou não. Tinha a experiência de uma prostituta. Nunca alguém olhando para seu rosto conseguiria imaginar tudo o que era realmente capaz entre quatro paredes, ou talvez nem precisasse de paredes para acontecer qualquer relação mais quente. Enquanto em casa, era uma mãe zelosa e dedicada ao filho. O pai era um babaca, quase não se importava com a criança. O que seria dessas crianças senão os avós? Quem não se rende aos encantos de uma criança em casa? Enfim, bastava sair para o trabalho que o mundo mudava. Era como se nada fora do seu caminho lhe causa-se preocupação. Ganhava um bom salário, que era para bancar as despesas com o filho e com suas baladas as escondidas. Não pensava em fazer uma faculdade e talvez poder dar um futuro melhor para a criança. As vezes fazia um bico em festas de ricaços, o que lhe rendia uma grana extra. A verdade é que na maioria das vezes, era só desculpa para ter quem ficasse com o filho para poder aproveitar a noite. Drogas, bebidas e tudo mais que cruzava seu caminho, era o combustível para agüentar as loucuras da vida noturna. A noite, ninguém é de ninguém. E mesmo sem conhecer um parceiro interessante aproveitava ao máximo cada segundo. Tudo era festa. Mas quase nunca passava desapercebida. Mulher bonita dando sopa na pista, só termina a noite sozinha se o cara for muito ruim de pegada. E ela sabia como provocar, facilitando a vida de muitos paradões. E daí pra cama era só questão de alguns drinks e uma pegada mais forte. Sexo era seu hobby. Não demorou para descobrir, que podia além de ter prazer, ganhar dinheiro com isso. Quantos casos de caras cheios da grana deixá-La na porta de sua casa pela manhã depois da farra da noite anterior. O trabalho extra começou a servir de cartão de visita para sua nova atividade. Enquanto servia a mesa, marcava seus possíveis alvos durante o expediente. Cantadas não faltavam. Era tudo muito fácil. Era só trocar um telefonema, jogar seu preço e se aceitasse a proposta, então era só se entregar ao prazer. Senão era só voltar para casa e descansar para a jornada do dia seguinte. Que vida ruim, ter sexo e sair com uma grana no bolso. A vida fácil que todos gostariam de ter, imaginava ela. Experimentou ménages, swings, lesbianismo e tudo o que o sexo pode proporcionar. Gritava e se divertia.Sexo, sexo e sexo. La vida loca. O consumo de droga já não era só maconha e bebidas fortes. A essa altura já tinha sido apresentada à Heroína, cocaína, e muitas outras. Certas coisas precisavam de uma ajudinha extra para acontecer. Em casa, ninguém desconfiava de nada. Afinal, saia do trabalho e ia direto para o bico. E tinha sempre dinheiro para ajudar nas despesas,só achavam que o negócio de bico rendia uma boa ajuda. Apenas cobravam dela que não deixasse o trabalho acabar com sua vida. No começo, apenas algumas noites por semana, tudo sobre o controle. Mas droga demais na cabeça, ganância, e pessoas que pareciam que estavam só ajudando, mostraram a verdadeira face da moeda. Uma certa noite, a vida fácil começou a ficar preocupante. Apanhou e perdeu todo dinheiro de uma noite de trabalho para o homem que agenciava seus encontros. Teve medo de chegar em casa cheia de marcas pelo corpo, e não ter explicação para tudo aquilo. Ligou avisando que estava cansada e que dormiria na casa de uma amiga. Não foi ao trabalho dia seguinte, e se enfiou na primeira boca que encontrou, atrás de farinha. Tentava encontrar uma forma de contornar aquela situação. Tentou sair, mas já tinha fugido de seu controle totalmente. Estava tudo perdido. Um caminho que parecia não ter mais volta. Começou a pensar no filho, que a tempos não passava um dia inteiro ao seu lado. Resolveu largar aquela vida naquele momento. Ainda confusa, efeito de toda droga que a consumia. Pegou um taxi e foi para casa. Na manha seguinte, acordou abraçada ao seu filho. Se arrumou, beijou e abraçou o bebe com todo carinho que toda mãe tem, e foi ao trabalho como antigamente. Não queria mesmo aquela vida, que apesar de todo dinheiro não lhe trouxe o mínimo de dignidade e nem felicidade. Quase no fim do dia, recebeu uma ligação no telefone que usava somente para suas saídas extra-curriculares. Era seu ex-agente. Ele queria pedir desculpas pelo acontecido e tinha uma proposta bastante tentadora para ela. Com poucas palavras e decidida, cortou o assunto, jogou o celular em uma lixeira e seguiu seu caminho. Já estava anoitecendo e só queria chegar em casa, tomar um banho quente e fazer de conta que a vida estava começando novamente. Faltavam alguns quarteirões para o metro e já escurecia. De longe, ela ouviu um barulho ensurdecedor e um grito. Os olhos se fecharam automaticamente. Tudo se transformou em silêncio. No mesmo lugar, seu agente acabara de ser preso em flagrante, pego por umas pessoas quando tentava fugir pela rua. Ela não conseguia ouvir mais nada. Fez uma força enorme para abrir os olhos, e quando assim o fez, já não estava mais no mesmo lugar. Tudo era estranho e diferente, um som de água ao fundo como se caísse de um paredão de pedra, pessoas andando para qualquer direção, não parecia ter fim aquele cenário, e uma luz forte em todas as direções. Só seguiu o caminho que emanava paz e tranqüilidade. Não lembrava como chegou ali, e estranhamente nada de seu passado também, mas seguiu em frente. Longe dali, um corpo no chão, com muito sangue e pessoas em volta. Já não precisava mais se preocupar em fugir de nada. Enfim encontrou a paz que nunca havia procurado.

2 comentários:

  1. E ai... não vai mais atualizar isso não????

    Bjs

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  2. Sinto falta do blog, vc tem umas ideias otimas, umas imaginações f...., e parou de por isso na pratica. Vê se volta, nem que seja só pra eu ler....rs.

    Beijos

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